segunda-feira, 22 de abril de 2013

DECLARAÇÃO DE VOTO DOS VEREADORES DO PARTIDO SOCIALISTA – RELATÓRIO E CONTAS DE 2012 - CM MONTEMOR-O-VELHO



Na reunião de Câmara de 22/04/2013, os vereadores do Partido Socialista, votaram desfavoravelmente o Relatório e Contas do Ano de 2012, com a seguinte declaração de voto:


"No Relatório e Contas de 2012, demais documentação e explicações complementares que o integram, na componente técnica, não se detectam erros ou derrogações de princípios que provoquem distorções significativas e materialmente relevantes que possam colocar em causa a opinião e consequentes decisões dos utilizadores para os quais a presente prestação de contas se direcciona.
Porém, salvaguardamos, que não nos podemos pronunciar acerca de eventuais omissões por que se encontrem influenciados os dados do presente documento, tal como nos foi apresentado.
Neste sentido, e dando fé nas informações prestadas, pode aferir-se que os resultados do exercício de 2012, quer no âmbito económico como no financeiro, não demonstram quaisquer mudanças no rumo que a maioria PSD/PP deste executivo, vem seguindo no que respeita à sua estratégia global e sectorial de gestão deste Município.
Constata-se uma vez mais, que também para 2012, o Plano e Orçamento aprovado, foi apenas satisfatoriamente cumprido. Registe-se que do total da receita prevista, a execução cifrou-se em cerca de 56,96% (desvio de 43,04%), e do total da despesa prevista a execução se cifrou nos 56,29% (desvio de 43,71%).
Continua a ser recorrente, a ideia de que a construção e a aprovação do Orçamento Municipal pela maioria política que governa a Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, se destina exclusivamente ao cumprimento de uma obrigação e imposição legal, e não como o documento primário ou, fundamental instrumento, para uma gestão criteriosa, rigorosa e eficiente dos limitados recursos públicos.
Os desvios globais verificados na execução orçamental traduzem assim uma de duas potenciais razões: Ou uma elevada ambição no estabelecimento de objetivos e uma desproporcional capacidade de concretização; Ou a adopção de irreais técnicas de previsão e programação, e consequente desajustamento da realidade prática concretizável.
Os resultados do exercício espelham por si só, a continuada incapacidade de resolução de um problema de gestão eficaz, eficiente e económica dos recursos, bem como, a resistência à implementação de um correto e criterioso plano de reestruturação.
O Ano de 2012 terminou, neste Município, com um prejuízo de cerca de 872 mil euros, fazendo com que, os prejuízos acumulados, com esta maioria PSD/PP, já atinjam um montante histórico acumulado de aproximadamente 9,5 milhões de euros.
Os resultados operacionais, que são o barómetro e o indicador da política económica adoptada por esta maioria PSD/PP, e demonstrativos da adequabilidade dos gastos face aos rendimentos obtidos, persistem em ser negativos na ordem dos 985 mil euros, evidenciando os desequilíbrios funcionais do Município nas suas operações primárias.
A contribuir para o agudizar dos resultados, estão os resultados financeiros negativos na ordem dos 543 mil euros. Só os custos financeiros associados aos instrumentos de financiamento (bancário e factoring) atingiram um montante de 1,24 milhões de euros.
Não podemos deixar de evidenciar, o quanto preocupante se mostram, num futuro próximo, para o Município, os constrangimentos na sua capacidade de cumprimento do compromisso assumido ao nível do pagamento periódico e contratual do serviço da dívida, face a um previsível e desejável cenário de recuperação económica, que é sempre antecipadamente previsto pelos mercados financeiros e refletido no consequente aumento das taxas de juro. Tendo em conta que o tempo médio de reflexão da efetiva retoma em termos reais ocorre com uma dilação temporal de 6 a 8 meses depois da actualização das taxas de juro para os empréstimos, temos como consequência previsível, nas já debilitadas finanças municipais, que irá aumentar exponencialmente o valor do serviço da dívida, antes sequer de existir qualquer melhoria nas receitas correntes do Município.
Preocupantes são igualmente os prejuízos gerados no exercício de 2012, pois não fossem os resultados extraordinários na ordem dos 656 mil euros e os prejuízos efectivos teriam ascendido aos 1,5 milhões de euros.
Por seu lado, os activos sofreram uma redução de cerca de 2,45 milhões de euros, enquanto o passivo apenas diminuiu em cerca de 1,7 milhões de euros.
A redução de algumas massas no passivo, nomeadamente nas rubricas de “Outros Credores” ( 3,5 milhões de euros) e “Dívidas a Instituições de Crédito L/P” (2,8 milhões de euros) estão relacionadas com a disponibilidade financeira ocorrida para liquidação destes encargos pela via do recebimento de verbas com proveniência de Projectos Co-Financiados (cerca de 6,9 milhões de euros), do Fundo de Equilíbrio Financeiro (em cerca de 2,8 milhões de euros) e da redução da dívida de “Outros Devedores” (em cerca de 2,2 milhões euros).
De notar que dos 6,9 milhões de euros recebidos via Projectos Co-Financiados, apenas 3,5 milhões euros ficaram disponíveis para liquidação de compromissos, tendo os restantes 3,4 milhões de euros, engrossado a cativação de verbas em sede de Proveitos Diferidos para concretização de novas fases de investimentos, que implicam, obrigatoriamente, a comparticipação privada do Município, que como já alertamos, não gera, nem vem gerando resultados positivos, nos últimos anos, para que possa, em condições normais, assegurar tal comparticipação com fundos próprios.
A redução de 1,26 milhões de euros verificadas na rubrica de “Fornecedores de Imobilizado” foi compensada pelo aumento das “Dívidas a Instituições de Crédito C/P” em 1,38 milhões de euros, representando uma mera transferência de responsabilidades, ou seja, não constitui redução efectiva de passivo final.
As dívidas a “Fornecedores” também registaram um aumento na ordem dos 470 mil euros, porventura, para agravar o passivo de médio e longo prazo, em futura renegociação do passivo Municipal.
Foi constituída uma Provisão para Riscos e Encargos no montante de 623.071,75 €. Estas provisões evidenciam a cobertura de riscos ou encargos de um determinado exercício e de verificação provável, como sejam, o caso de Indemnizações por incumprimento, ou execução de Garantias.

Do relato das contas de 2012, ressalta no relatório de gestão um dos únicos pontos positivos, isto é, o ano em que a receita corrente mais cresceu. Mas no cômputo geral, a receita gerada em 2012 (22 milhões de euros) ficou substancialmente aquém da gerada em 2010 (26 milhões de euros) e em 2009 (29 milhões de euros).
Não tendo em circunstância alguma o Partido Socialista comungado com o plano de governação desta maioria PSD/PP no Executivo Municipal, nem com as suas prioridades, nem com a sua estratégia de gestão, não pode pactuar nem assumir como legítimos e irremediavelmente os únicos possíveis, os resultados económicos e financeiros evidenciados nesta prestação de contas de 2012.
A nossa divergência não está nas obras executadas, nem no legítimo direito político, de uma maioria, democraticamente eleita, fazer as suas obras, antes está, na total ausência de um Plano Estratégico sustentado, na maior o menor utilidade dessas obras para os Munícipes, em determinado momento da vida do concelho e das necessidades mais prementes da sua população. É de prioridades que sempre falamos… É de um Plano de Acção, de obras e investimentos, sustentado e com futuro, pois aquilo que nos tem sido sistematicamente apresentado, é um conjunto de obras avulsas e desconexas de qualquer planeamento estratégico para o desenvolvimento sustentado do concelho, sempre com a agravante, de que quem as vai pagar são as gerações futuras!
Por conseguinte, a orientação de voto do Partido Socialista, vai no sentido de votar desfavoravelmente este documento de prestação de contas de 2012."