terça-feira, 2 de outubro de 2012

PS reprova reestruturação financeira da CM de Montemor-o-Velho e adesão ao PAEL

Os vereadores do Partido Socialista votaram no passado dia 01/10/2012, em reunião de Câmara Municipal extraordinária contra a adesão do Município ao (Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) e reprovaram o Plano de Reestruturação Financeira da autarquia que tem um passivo de cerca 35 milhões de euros e após a adesão ao referido programa de assistência financeira, irá ficar com um serviço da dívida anual de 2.745.271,75 €

A declaração de voto dos vereadores socialistas:

 

Ponto 1. SITUAÇÃO DE DESEQUILÍBRIO ESTRUTURAL

O Partido Socialista não é responsável, por qualquer razão, pela actual situação financeira deste Município.
Ao longo dos últimos 10 anos os vereadores e deputados municipais do PS sempre alertaram para a estratégia de gestão financeira desta maioria em Montemor... Para os erros, perigos e danos irreversíveis que tal caminho oferecia para o futuro.  Como resposta sempre fomos ouvindo pela boca de alguns protagonistas desta maioria PSD/PP que o Município estava a ser gerido com inteligência e com total controlo financeiro, atacando-se os vereadores e deputados municipais do PS, muitas vezes em momentos em que estes não poderiam ripostar ou exercer o contraditório acusando-os de não terem visão, de serem contra o desenvolvimento do concelho, de não perceberem do que falavam, de não entenderem nada em termos daquilo que descreviam como uma gestão exemplar e verdadeiramente notável do Município!
Para consumarem estes ataques às posições ou simples alertas do PS vendia-se o discurso da ilusão... Tudo estava a correr bem... Os maus da fita eram alguns ignorantes da oposição! O previsível desequilíbrio financeiro do município de Montemor era má língua ou pura maledicência dos Socialistas!
 Mesmo quando alguns relatórios colocavam o Município de Montemor-o-Velho nos lugares cimeiros dos rankings dos Municípios portugueses mais endividados ou em desequilíbrio financeiro estrutural, sempre havia uma voz desta maioria, com um discurso político absolutamente convincente e irrefutável a dizer que tudo isto era transitório, faltava considerar esta ou aquela receita, não foi levado em linha de conta este ou aquele factor importante ... Nada era o que ostensivamente parecia ser mais que real...
 Agora é tempo de dar o dito pelo não dito! E não foram os vereadores do PS que venderam o discurso da ilusão... Os vereadores do PS do actual e anterior executivo não têm qualquer responsabilidade na actual situação financeira do Município, pelo que se demarcam desta triste realidade financeira ...

Mais esclarecem que algumas tentativas que de má fé política alguns protagonistas da maioria tentam fazer com o argumento de que votamos favoravelmente as obras que se realizaram no concelho podem alguma vez proceder... É mais uma forma para iludir as pessoas menos atentas ...
Sim votamos favoravelmente mais de 90% das obras ... Eram úteis... Interessavam às pessoas... Votamos contra as supérfluas ... As que considerávamos inúteis! Sempre acreditamos e tínhamos a mesma estratégia que a maioria PSD/PP, ou seja, que se deveriam aproveitar ao máximo os fundos estruturais dos quadros comunitários de apoio...
Se estivéssemos a governar a Câmara Municipal teríamos feito todas estas obras? NÃO! Já votamos contra algumas e por certo o nosso cronograma financeiro obrigaria a retardar outras … Naturalmente!
Teríamos feito as obras tal como foram aprovadas? Provavelmente não! Seguramente faríamos diferente... Faríamos estas e outras mais importantes para a população e com possibilidade de retorno financeiro para o futuro... Sobretudo com melhor aproveitamento e rentabilização dos recursos financeiros afectos às mesmas!
Mas a divergência não está em fazer as obras úteis ou necessárias... mas sim no modo e no tempo em que foram feitas... É a total ausência de um plano estratégico aliado a um inexistente cronograma financeiro sustentado e sustentável para o futuro das finanças deste município... Na total ausência de uma ponderação de prioridades para o concelho!
Por isso sempre votamos sucessivamente contra as GOP e orçamentos … SEMPRE DENUNCIAMOS ESTE RESULTADO NEGATIVO NAS NOSSAS DECLARAÇÕES DE VOTO! Era aí que estava o erro político desta maioria! Não no facto de querer fazer esta ou aquela obra, por mais avultada que fosse!
Se a prioridade era fazer estas obras, então a gestão financeira da Câmara Municipal teria de ser rigorosa e centrada neste esforço de investimento... Com a contenção em outras áreas da intervenção do município ... Mas ao contrário esta maioria gastou o que tinha e não tinha, principalmente em despesas meramente eleitoralistas ... Sempre para manter a ilusão no eleitorado!
Sempre se soube que sem o rigor e o estabelecimento de prioridades, gastando à larga e sem limites, que o destino financeiro deste Município seria a ruptura financeira... Nunca se pensou em respeitar o princípio intergeracional da gestão financeira!
Sempre acreditamos e ainda temos a certeza absoluta que se poderiam fazer e pagar estas obras, num espaço temporal mais curto e sem colocar a Câmara Municipal em situação de ruptura financeira... Claro está que sem fazer outros gastos e despesas faustosas que sempre este executivo foi fazendo e disso sempre se vangloriando como sendo os melhores autarcas da região!
Assim é tempo de assumir o que fizeram!
Nós não queremos ficar ligados a este dia triste da vida deste Município a recordar nos próximos 20 anos... Com o nosso voto favorável... Sequer conivência com esta declaração de desequilíbrio financeiro estrutural!
O que hoje se vai decidir neste ponto, vai ser lembrado pelos piores motivos pelas próximas gerações de autarcas ... Não próximos autarcas ... Falo em próximas gerações de autarcas ... Nos próximos 20 anos...
Isto abre o caminho ao que vem para decidir a seguir... Com as devidas distâncias é o equivalente a um convite à Troika como aquele que foi feito pelo Governo português no ano passado! Como explicaremos a seguir, uma verdadeira Troika à portuguesa... Talvez um pouco pior que a Troika Europeia!

Porque não queremos ser lembrados como co-autores deste infeliz convite à perda total de autonomia do Município, a toda a futura austeridade e espoliação das já débeis finanças dos nossos munícipes ... Da total impossibilidade de as futuras gerações de autarcas poderem desenvolver qualquer projecto político relevante neste Município nos próximos 20 anos,  em particular nos próximos 5 anos, que não sejam aquele que consta do “memorando” de reajustamento financeiro!

Quando em 2001 esta maioria entrou na governação da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, difundiu aos sete ventos a eminente “falência técnica” do Município, a gestão financeira ruinosa do anterior executivo Socialista, com um passivo de cerca de onze milhões setecentos e vinte seis mil e novecentos e cinquenta e seis euros… Facto inaudível em comparação com os concelhos vizinhos! E então a imperiosa necessidade deste segundo reequilíbrio financeiro exigido pelo passivo municipal gerado por esta maioria PSD/PP, de mais de 35 milhões de euros como deverá ser encarado pela oposição Socialista? Pelos futuros autarcas, independentemente da sua filiação partidária? Pelos Munícipes deste concelho?
Apesar de sempre sabermos que em 2001 o Município de Montemor-o-Velho tinha ampla capacidade de endividamento e total autonomia de gestão, já sabemos as respostas desta maioria às nossas posições… Sempre seremos nós os culpados de não queremos aceitar as ilusões que sempre esta maioria nos tentou vender, os seus erros de gestão financeira neste Município!
“Quem vier depois que feche a porta!” Ou então que governe a Câmara Municipal como puder… Que diga às pessoas deste concelho que nada poderá ser igual ao passado… Que não há dinheiro…  Que não é possível fazer novas contratações para os serviços camarários, que não é possível fazer novas obras, que não é possível financiar as Associações e demais Entidades deste concelho ao nível elevado que sempre foram financiados por esta maioria, anunciando subsídios  em todos os seus eventos festivos, as grandes festas realizadas, os grandes festivais e as grandes recepções, abertas a todos, sempre a engrandecer o passivo que agora se vai pagar a 20 anos, ou então, em alternativa. que se institua de vez, o princípio da mentira ao eleitorado para ganhar eleições, para depois ajustar os impostos, taxas, preços dos serviços municipais no máximo, sem possibilidade de baixar os mesmos por imposição da Tutela e do PAEL, e ainda que se persigam implacavelmente os munícipes incumpridores para angariar receita de qualquer forma e a qualquer preço! É isto que nos revolta e que não aceitamos na gestão financeira desta maioria PSD/PP nos últimos 11 anos neste concelho!
O serviço da dívida anual do Município de Montemor-o-Velho, após a contratação do PAEL será de 2.745.271,75 €, e este número fala por si, sem mais considerações nos próximos 20 anos!

Por isso, e demais razões votamos contra esta declaração de desequilíbrio estrutural financeiro do Município de Montemor-o-Velho!



Pontos 2 e 4 - PLANO DE REEQUILIBRO FINANCEIRO; AJUSTAMENTO FINANCEIRO

Mais uma vez, neste Município somos confrontados com um Plano de Reequilíbrio Financeiro e Ajustamento Financeiro!
            Mais uma vez nos é pedido que tomemos decisões sobre a colocação de dívida muito para além do tempo do nosso mandato!
            Destacamos que estes Planos ora submetidos à nossa apreciação não enfermam dos clamorosos erros e análise e de previsão daquele que nos foi submetido ao tempo da aprovação do primeiro Saneamento Financeiro!
            No entanto, mais uma vez chamamos à atenção que estas medidas preconizadas nestes Planos visam tão só aliviar os fundos líquidos anuais livres do Município após pagamento do serviço da dívida e da despesa certa e exigível… Pretende-se criar a ilusão de que são a única medida viável para se poder gerir o Município no futuro! Tenta-se esconder a extrema debilidade financeira em que o mesmo Município irá ficar nos próximos anos, principalmente se continuar a ver as suas receitas correntes a diminuir como é mais que previsível, bem como, se ocorrer algum ano de catástrofe que implique gastos extraordinários anormais. É claro que se vai argumentar que alguém nos terá de ajudar nessas situações, mas tal nem sempre ocorre no tempo e no modo certos como se sabe.
            Omite-se nestes planos que a despesa fixa do Município, com todo um conjunto de novas infra-estruturas para manter e gerir, vai aumentar, ao que acresce todo um conjunto de intervenções profundas e necessárias na rede viária concelhia, redes de abastecimento e em edifícios ou equipamentos.
            Por outro lado, desta forma cria-se a ilusão de que vão existir verbas disponíveis para o financiamento de novas obras e projectos do Município, o que por um lado é verdade se atendermos à situação financeira actual, no entanto, estas serão sempre limitadas e implicarão sempre uma gestão futura  austera e apertada dos recursos financeiros do Município – Implica fazer o que nunca se fez nestes últimos 11 anos de gestão desta maioria, com total e absurda privação dos futuros autarcas de desenvolverem o seu projecto político para o concelho!
Nestes planos, para além do que é habitual e é exigido para o PAEL, falta referenciar e identificar as medidas pró-activas de recuperação financeira do Município, onde não vislumbramos nada de novo, para além do básico! São por isso planos previsionais pouco ambiciosos, muito básicos nos elementos analisados e resultados apresentados!
Nestes Planos, não são consideradas as novas áreas de actuação dos Municípios Portugueses, em particular as novas e reais necessidades sociais emergentes desta crise económica nacional e internacional na nossa população!
Para além da renegociação da dívida bancária, seu prolongamento no tempo, onerando ainda mais as gerações futuras deste concelho, diminuição do serviço da dívida anual do Município, com a libertação de uma pequena verba alcançada com a alteração dos juros e prazos dos empréstimos, nada de relevante há a assinalar nestes Planos!

Por isso, o sentido desfavorável do voto dos vereadores do Partido Socialista nestes dois pontos.


EMPRÉSTIMO DE REEQUÍLIBRIO FINANCEIRO

            Os vereadores do Partido Socialista sempre disseram que o anterior Saneamento Financeiro era irreal, totalmente votado ao insucesso e ao fracasso... Está à vista que tínhamos, infelizmente razão…
Não concordamos com o alargamento dos prazos dos empréstimos das dívidas de médio e longo prazo... A solução desta maioria não pode ser sempre a de passar a responsabilidades do pagamento dos seus erros de gestão para as gerações futuras...
Um passivo global do Município de mais de 35 milhões de euros exige e exigirá uma abordagem muito mais profunda e séria na gestão Municipal, que não uma mera renegociação dos empréstimos existentes!
Este ajustamento nos empréstimos do Município deveria ser feito com um Plano de Reequilíbrio e Reajustamento Financeiro mais ambicioso e com garantias de mais eficácia!
Alivia-se o serviço global da dívida Municipal anual de 2.745.271,75 €, libertam-se alguns fundos, mas a independência financeira do Município não deixará de estar definitivamente comprometida nos próximos 20 anos!
Como é de prever, o sentido de voto dos vereadores do Partido Socialista é de votar desfavoravelmente a contratação deste empréstimo!  



Ponto 5. Adesão Programa I - PAEL

O Programa de Apoio à Economia Local é mais uma iniciativa e uma medida deste Governo PSD/PP inconcebível e inaceitável, por ser injusta, verdadeiramente maléfica, e ainda, um verdadeiro ataque Municipalismo português e a tudo de bom que a sua história ofereceu aos portugueses depois do 25 de Abril de 74...
            Somos fundamentalistas na defesa da autonomia do poder local e dos Princípios Constitucionais da Administração local… É claro que sim! Não poderia ser outra a nossa visão e posição sobre este último reduto da afirmação democrática dos legítimos anseios da população portuguesa!
Este Programa é mais um ataque despudorado e inaceitável aos autarcas locais do presente, do passado e do futuro! É um presente envenenado aos Municípios Portugueses, onde só os aflitos têm coragem de entrar, por não terem outra alternativa de sobrevivência!
Mesmo os autarcas incumpridores e responsáveis pelos desequilíbrios financeiros dos seus Municípios não mereciam tal medida! Pois podem ter a certeza que não serão certamente lembrados no futuro pela sua obra, discutível ou não, mas pelas consequências nefastas deste PAEL nos próximos 5 ou 20 anos nos seus Municípios ...
A “Troika” que se vai instalar nestes municípios portugueses (Trib. contas, o responsável da tutela ou do governo e os fiscais ou inspectores do PAEL )  ... A sua total perda de autonomia ... O espartilho e o garrote que vão implementar na gestão destes municípios aderentes ... A austeridade que vão impor às populações destes municípios vai ser totalmente insustentável e quase criminosa!  Como é que a população portuguesa pode ser alvo de mais austeridade, agora por via das suas autarquias locais?
            Os planos de reequilíbrio e ajustamento financeiro que vão instruir o PAEL e a sua fundamentação não serão mais do que um novo “Memorando”, agora aplicável aos Municípios. Alguém, que não os futuros autarcas, está hoje a definir o programa de acção política dos futuros executivos municipais! Isto é e será sempre inconcebível e inaceitável!
Os futuros autarcas locais nada mais poderão fazer que pagar as contas do passado ...  Seguir à risca o “memorando” que irão herdar, feito por outros, resultante de um projecto político que não é o seu! Para contratar recursos humanos vão ter de pedir autorização ao governo...  Justificar as suas intenções ... Esperar pela bondade e compreensão dos seus “superiores hierárquicos”!
Para fazer qualquer projecto que não conste do “memorando”, ainda que de pequenas dimensões, à falta de recursos próprios, vão ter de pedir autorização ao governo para o realizar... Esperar pelo favor e aval das elites políticas de Lisboa! Se gastarem mais alguma coisa que não devam, por pequena que seja a despesa... Vão arcar com as consequências civis e criminais! Prestar contas da sua gestão à tutela mensalmente, trimestralmente ... Enfim, como verdadeiros assalariados eleitos que têm de prestar contas ao seu patrão ... Enfim uma total escravatura a esta Troika à portuguesa!
Nos próximos 5 anos o futuro Presidente da Câmara Municipal não será mais do que um mero administrador de insolvência, provavelmente com menos poderes e liberdade de acção!
No caso concreto do Município de Montemor-o-Velho por pouco mais de um milhão e duzentos mil euros, vamos sujeitar os Munícipes e os futuros autarcas deste concelho às regras e imposições deste Programa! Não fora a necessidade de se fazer um reajustamento na dívida de mais de 35 milhões de euros do Município e isto tudo seria perfeitamente evitável!
Por tudo isto os vereadores do Partido Socialista nunca irão ver os seus nomes ligados à adesão a este PROGRAMA DE APOIO À ESCRAVATURA LOCAL em Montemor-o-Velho! Por isso votamos contra o PAEL e à entrada deste Município em tão nefasto plano de destruição do municipalismo português e dos seus princípios constitucionais orientadores!
- Os munícipes de Montemor-o-Velho não podem ficar escravos da austeridade do Governo, da Troika e agora do seu Município, com um garrote cada vez mais apertado às suas já debilitadas finanças pessoais, com a obrigatória manutenção de todos os impostos, taxas, preços Municipais no máximo… Aliada a uma obrigatória eficácia e intransigente cobrança destas receitas, sem contemplações sociais ou de situações de infortúnio dos Munícipes, ou da própria situação económica da região onde se insere o nosso concelho!
- Os futuros autarcas locais deste concelho não podem ficar, no futuro, escravizados às orientações políticas e decisões do Governo central, independentemente da sua cor partidária e deste “memorando” de acção que acompanha o PAEL, concebido e idealizado por outros que não aqueles que foram eleitos para legitimamente executarem o seu projecto político! O princípio da autonomia do poder local estará definitivamente comprometido!

Assim, quem nos conduziu a esta situação financeira que assuma por inteiro o ónus de tão infeliz decisão, caso seja essa a sua vontade! Por certo irão ser lembrados pelos piores e maus motivos nos próximos 20 anos! Por certo, naturalmente, não o serão pela sua coragem e mérito de gestão dos interesses deste concelho, mas por estas infames razões!

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